O futuro dos videogames

Uma das principais atrações da E3, feira de games realizada no início de
junho é o Project Natal, tecnologia para Xbox 360 que promete dispensar o uso de qualquer tipo de controle para jogar.

O projeto está em desenvolvimento há dois anos, consiste em uma câmera que captura em três dimensões os movimentos e vozes de uma ou mais pessoas e converte em comandos para jogos e outros programas.

Propomos que leia a entrevista do produtor brasileiro que há oito anos trabalha na Microsoft nos Estados Unidos, Alex Kipman, à UOL.


Leia a entrevista:

UOL Jogos: Por favor, fale um pouco sobre você e como você conseguiu o emprego na Microsoft.

Alex Kipman: Eu nasci em Curitiba em um frio dia de inverno há 31 anos. Sou filho de dois curitibanos (Igor e Roseana) e tenho um irmão mais velho e uma irmã mais nova. Eu me formei na faculdade em maio de 2001 e comecei a trabalhar na Microsoft em 25 de junho do mesmo ano.

Durante minha época de estudante universitário eu não gostava da Microsoft e das tecnologias desenvolvidas pela empresa. Um dia, do nada, a empresa me chamou para ir a Redmond fazer uma série de entrevistas de emprego. Vi como uma oportunidade de visitar Seattle e incomodar alguns funcionários da Microsoft.

Logo que cheguei fiquei impressionado com a inteligência e empolgação dos entrevistadores. Na época eles estavam lidando com problemas muito complicados e ainda sem solução, eram verdadeiros engenheiros e extremamente criativos! Eles estavam trabalhando em algo novo chamado .Net e queriam que eu integrasse o time. Oito anos depois eu não poderia estar mais feliz com minha decisão em aceitar a oferta de emprego.

Antes de me juntar à equipe do Xbox, eu passei três anos trabalhando na divisão de Servidores e Ferramentas, na qual eu ajudei a criar três versões do Microsoft Visual Studio e a .NET Framework. No começo de 2005 fui convidado para ir à divisão do Windows ajudar a criar o Windows Vista Ultimate Edition, que acabou saindo em 2007.

Estes foram os oito anos mais felizes e criativos da minha vida.

UOL: Poderia nos contar em detalhes sobre sua função no Project Natal?

Alex: Sou o Diretor de Incubação para Xbox. Meu trabalho é incubar novas tecnologias e oportunidades de experiência para os usuários e o Natal é uma dessas experiências. Parte do meu trabalho é olhar a estratégia da empresa para o produto e ver como ela se conecta à visão específica da nossa equipe e procurar conectar as duas coisas de forma rápida e eficiente.

Meu papel é e continuará ser a alma do projeto. Fazer com que o Xbox 360 veja você e o reconheça e identifique o que você fala ainda é um imenso desafio e eu continuo sendo crucial para tornar essa visão uma realidade.

Em comparação, eu sou o cara que cria as tintas e pincéis que compõem a paleta de cores para os criativos game designer que fazem jogos. O Project Natal e as tecnologias nas quais eu trabalho definem um conjunto de cores e pincéis para os designers utilizarem. Meu trabalho é assegurar que esses caras serão limitados somente pelo que eles imaginarem.

Project Natal coloca fim à necessidade de usar um joystick para jogar,... e em games de corrida, jogador dirige com as próprias mãos,... enquanto em jogos de futebol até dois podem brincar.

UOL: Como você teve a ideia para o Project Natal e qual o principal objetivo
dele?

Alex: Uma das principais barreiras entre videogames e uma grande parte das pessoas são os controles. Don Mattrick [conselheiro da divisão de Entretenimento e Aparelhos da Microsoft] nos desafiou a sonhar em algo além do controle e o resultado é o Project Natal.

Desde o começo criamos uma estratégia cuidadosa e planejada e com o periférico estamos alcançando novos patamares no que se refer à criação de um ambiente mais natural e imersivo para jogos eletrônicos e outras experiências digitais em casa.

UOL: A demonstração em vídeo do Project Natal mostra um casal utilizando o
acessório para visualizar opções em um catálogo de vídeos. Além deste exemplo de navegação por menus e as aplicações em jogos, que outros tipos de experiências multimídia podemos esperar?

Alex: Apesar de ainda não termos anunciado todos os detalhes sobre como o Project Natal vai complementar a Xbox Live, eu posso dizer que ele adiciona uma nova dimensão de interações multimídia ao Xbox 360. Isso porque ele é esperto o bastante para se lembrar de você.

Imagine algo como se conectar à Xbox Live sem dizer apenas uma palavra, ou então acessar sua lista de amigos assim - nada de headset ou teclados para isso.

Visualize um mundo de possibilidades de navegação e uso em jogos. Ainda estamos acertando alguns detalhes, mas pode ter certeza que colocaremos suporte para movimentos de todo o corpo e reconhecimento de voz nessa área.

UOL: Imagine um jogo que você gostaria de jogar usando o Project Natal. Como
ele é? Por que este tipo de game?

Alex: Ainda não anunciamos jogos, então essa é uma questão que não posso
responder totalmente.

Contudo, eu realmente adoraria jogar um game que borrasse os limites entre o mundo digital e o analógico. Um jogo que torne difícil diferenciar o que é virtual e o que é real.

Ele seria concebido desde o começo para ser uma experiência imersiva e aproveitaria totalmente os recursos de controles com movimentos de todo o corpo, reconhecimento de voz e uma mecânica intuitiva e sociável. O game daria aos jogadores liberdade para sonhar, capturar a imaginação deles e vivenciar histórias de uma forma que nunca imaginaram ser possível.

UOL: Que produtoras já estão trabalhando em jogos e programas para o Project
Natal? Como elas estão lidando com esse novo desafio?

Alex: Nós continuamos a aproveitar o máximo possível nossas excelentes relações com as produtoras 'third-party' e o anúncio do Project Natal abriu novas oportunidades de aprofundar essas relações.

Durante a E3 já começamos a enviar kits de desenvolvimento para nossos parceiros e estamos empolgados para ver e ouvir as experiências que eles vão criar.

Até o momento, nossas produtoras parceiras acharam o Project Natal algo extremamente instigante em termos de tecnologia e que pode levar a interação em games a um novo nível de criatividade.

UOL: Quando o Wii Remote foi mostrado pela primeira foram exibidas vários movimentos encenados como controles pra jogos. Hoje sabemos que é possível jogar a maioria dos games de Wii sentado tranquilamente no sofá. Que grau de interação podemos esperar do Project Natal?

Alex: Qualquer tipo de controle permite no máximo imitar movimentos e ações reais. Com o Project Natal estamos permitindo algo que não existe em nenhum outro lugar.

Imagine aprender ioga ou golfe com o Xbox 360 e o Project Natal analisar sua voz e movimentos para lhe dar uma resposta e ajudar a corrigir postura.

Ou então marcar um gol em um jogo de futebol com um chute do seu próprio pé, driblando com liberdade na sala de sua casa, ou então pintar um quadro com seu dedo.

UOL: Vemos na indústria de games uma tendência para adotar cada vez mais tecnologia com sensores de movimento. Você acredita que o controle tradicional sobreviverá a isso?

Alex: Sim. Nós, por exemplo, continuaremos a fazer jogos baseados em controles tradicionais que nossos fãs tanto amam - como "Halo" e "Gears of War". O Project Natal nos permite acrescentar uma dimensão extra de interação a nosso portfolio e atrair mais pessoas para jogar do que antes.

Eu vejo o Project Natal como um complemento, não um substituo para o controle tradicional. Ainda assim, eu consigo imaginar situações nas quais o acessório melhoraria experiências mais convencionais com controle.

UOL: Você se considera um jogador hardcore? Que tipos de jogos você gosta?

Alex: Sim, sou tão hardcore quanto um gamer pode ser. Caso tenha dúvidas, procure por Zeus na Xbox Live e você verá que tenho uma pontuação bem respeitável em termos de Achievements (cerca de 62,811 pontos). Eu gosto de todo tipo de game, mas sou principalmente fanático por RPGs.

UOL: Você vê o Project Natal como uma escolha para jogadores casuais ou hardcores?

Alex: Não vejo o acessório como sendo apenas para um ou outro. Como você pode ver pelo nosso catálogo de jogos, continuamos a investir em franquias e produções hardcore.

O Project Natal nos permite explorar uma nova maneira de jogar e trazer ainda mais pessoas para o mundo do Xbox 360. Acho que ele vai nos permitir levar novas experiências tanto para o jogador casual quanto o hardcore.



Proponho que assistam a um vídeo sobre o projeto




Imagem as possibilidades desta tecnologias na educação em geral e em particular na educação a distância?


Fonte: UOL Jogos a partir de postagens no grupo "4 pilares"

Postado em 22 de junho de 2009 por João José Saraiva da Fonseca

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