Mapas conceituais

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Mapas conceituais


O presente trabalho escrito por João José Saraiva da Fonseca, apresenta uma síntese de algumas idéias pesquisadas na Internet e apresentadas por José Batista Cirne Tomaz em Curso na Escola de Saúde Pública do Ceará, sobre mapas de conceitos, enquanto elemento de consulta para estudo.

A proposta dos Mapas Conceituais foi desenvolvida na Universidade de Cornell, durante a decáda de 70, pelo pesquisador norte-americano Joseph Novak e seus colaboradores .

Na literatura pode-se encontrar como sinônimos de mapas conceituais: árvore conceitual, rede de ensino, mapa de aprendizagem, mapa cognitivo, rede semântica.


Os mapas conceituais são ferramentas para organizar e representar o conhecimento. Consistem em representações gráficas semelhantes a diagramas, que indicam relações entre conceitos ligados por palavras. São utilizados para auxiliar a ordenação e a seqüenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino, servindo como instrumento para facilitar uma aprendizagem significativa para o aluno.



A abordagem dos mapas conceituais está embasada em uma base teórica que corresponde à teoria cognitiva de aprendizagem significativa de Ausubel. De acordo com essa proposta a aprendizagem é um processo no qual o aprendiz relaciona a informação que lhe é apresentada com seu conhecimento prévio sobre esse tema. A aprendizagem será significativa, quando uma nova informação adquire significado para o aprendiz através de uma espécie de ‘ancoragem’ em aspectos relevantes da estrutura cognitiva preexistente do indivíduo.

O uso prático dos mapas conceituais envolve: o desenho de currículo, o ensino, a avaliação da aprendizagem e a pesquisa.


Tipos de Mapas Conceituais

Na apresentação dos tipos de Mapas Conceituais, transcreve-se parte do texto de LIMA (2004).


Ao construir Mapas Conceituais é possível encontrar quatro tipos.


- Estrutura em Teia (o tema central é colocado no meio do mapa)



- Estrutura hierárquica (a informação é apresentada em forma descendente de importância, sendo que a informação mais importante é colocada no início da cadeia hierárquica).




- Estrutura Flowchart (a informação é organizada em formato linear, semelhante à estrutura de um livro)




- Estrutura conceitual (a informação é disponibilizda em formato parecido com um fluxograma, mas com a possibilidade de inserção e exclusão de novos conceitos)



Técnica de construção de Mapas Conceituais


Os mapas conceituais são constituídos pelos seguintes elementos:


Nos mapas conceituais, os conceitos aparecem dentro de caixas enquanto que as relações entre os conceitos são especificadas através de frases de ligação nos arcos que unem os conceitos. Os conceitos são representados de forma hierárquica, com o conceito mais geral no início do mapa e depois os mais específicos, arranjados hierarquicamente. A dois conceitos, conectados por uma frase de ligação chamamos de proposição. As frases de ligação têm funções estruturantes e exercem papel fundamental na representação de uma relação entre dois conceitos. O conjunto dos conceitos e das preposições, são chamados de rede semântica.


Os conceitos são palavras com as quais se designa em nossa mente a imagem de um objetos ou de um acontecimento. Alguns definem elementos concretas (mesa, computador) e outros definiem noções abstratas, intangíveis, mas porém reais (nação, software).


Recomenda-se que a definição dos tópicos e sub-tópicos, seja feita a partir de uma tempestade de idéias, realizada por uma equipe multidisciplinar.


O diagrama na figura abaixo mostra como a estrutura de um mapa conceitual deve ser representada.





O processo de construção de mapas conceituais deve:


- Identificar os conceitos principais do conteúdo;
- Selecionar os conceitos por ordem de importância e agregar progressivamente os demais respeitando os pressupostos da diferenciação progressiva ou seja as idéias mais gerais e inclusivas devem ser apresentadas antes e progressivamente diferenciadas, com a introdução de detalhes específicos.




- Podem ser incluídos conceitos e idéias mais específicas;
- Conectar os conceitos por linhas (ou setas) e rotular essas linhas com uma ou mais palavras que explicitem a relação entre os conceitos;
- Os conceitos e palavras devem ter um significado ou expressar uma proposição;
- Construir proposições simples que tenham por base dois conceitos unidos por uma ou mais palavras de ligação;
- Buscar relações horizontais e cruzadas;
- Compartilhar o mapa com os demais colegas, refletindo sobre a correta relação estabelecida entre os conceitos no mapa em questão;
- Refazer o mapa quantas vezes for necessário.


O mapa conceitual da figura abaixo, foi construído levando-se em consideração a pergunta: o que são mapas conceituais? Nele podemos observar algumas características que são imprescindíveis a um mapa conceitual. A primeira delas é que, num mapa conceitual, sempre que há uma relação entre dois conceitos, ela deve estar expressa (e não apenas indicada por uma seta, como nos fluxogramas) através de uma frase de ligação. Outra característica importante é que as frases de ligação devem sempre conter verbos conjugados de acordo com o sentido que se quer dar à proposição.




Outro mapa conceitual sobre mapas conceituais







Algumas das aplicaciones dos Mapas Conceituais em educação são as siguintes:


- Organização de planoes de estudo.
- Elaboração de sequência de ensino.
- Ensino e aprendizagem baseada na resolução de problemas.
- Desenvolvimento de competências cognitivas, para conseguir o domínio e a utilização linguística; bem como para o desenvolvimento do pensamento críticos dos estudantes.
- Como uma ferramenta de apresentação de novos conteúdos.
- Como instrumento de avaliação diagnóstico.
- No ensino a distância, para organizar a informação, guiar o aluno e o informar sobre onde se encontra em cada momento e para o informar sobre o caminho percorrido.
- Como recurso para evidenciar relações entre os conteúdos e y resumir esquematicamente o programa del curso.
* Para representar o conhecimento que se deseja partilhar em uma atividade, ressaltando o mais significativo.
* Para o professor avaliar o conhecimento construído pelo aluno.
* Como auto-avaliação do estudante.



A avaliação dos Mapas Conceituais

A tarefa de construir um mapa conceitual, não é simples e, por isso mesmo, pode ser um desafio interessante. A sua aplicação na educação envolve a avaliação do processo de sua construção. Neste trecho recorre-se à transcrição de parte do texto de DUTRA (2008).

Para Piaget, desde os níveis mais elementares de pensamento há implicações entre significações. Para o caso da construção de mapas conceituais, quando estamos escolhendo uma relação entre dois conceitos (expressa por uma frase de ligação), estamos realizando, em última análise, uma implicação significante. Ele afirma que as implicações significantes evoluem segundo três níveis: implicações locais nos níveis mais elementares, implicações sistêmicas e implicações estruturais, como os níveis mais elevados.


Uma implicação local pode ser definida como o resultado de uma observação direta, ou seja, aquilo que pode ser registrado do objeto apenas a partir da observação de seu contexto e de seus atributos. De certa forma, uma implicação local pode caracterizar um objeto sem, contudo, atualizar o conhecimento sobre ele. Como isso acontece? Se, por exemplo, estivermos estudando uma bola de futebol, estaremos fazendo implicações locais ao afirmarmos que a bola é azul ou preta, que ela é feita de couro ou de plástico e que foi fabricada no Brasil ou na China. Em um mapa conceitual, as implicações locais geralmente aparecem nas proposições com frases de ligação que usam verbos tais como “é”, “tem” etc.



Vamos analisar o exemplo abaixo. Pergunta: o que é moda?








Parte do primeiro mapa conceitual sobre Moda


Se analisarmos esse primeiro sistema de relações a partir do conceito MODA, temos dois níveis de relações. São elas: MODA é Modo de Vestir, Investimento e Estilo; e Investimento é Marketing, Indústria e Comércio. Essas implicações buscam caracterizar o conceito de MODA, de forma a defini-lo usando outros conceitos. Nesse caso, a ligação "é" assume o papel de elemento aditivo, ou seja, adiciona qualidades ao conceito MODA, mas não parece produzir nenhuma implicação que relacione os conceitos em um sistema maior. Poderíamos classificar esse sistema de relações como implicações locais.

Uma implicação sistêmica, por sua vez, insere as implicações em um sistema de relações no qual as generalizações e propriedades não diretamente observáveis começam a aparecer. Nesse sentido, as diferenciações não são mais apenas percebidas do objeto, são deduzidas dele ou da ação sobre o mesmo. Se continuarmos com nosso exemplo da bola de futebol, podemos afirmar que são implicações sistêmicas dizermos que a bola pula ao ser jogada no chão, que a distância que ela atinge ao ser chutada depende da força do chute ou da posição em que o pé atinge a bola.

Nos mapas, podemos perceber sistemas de relação (geralmente hierárquicos), em que há implicações entre os conceitos, dando conta de causas e conseqüências, sem ainda levar a explicações e/ou justificações. Como? Por quê? Essas são perguntas que ainda não têm respostas.





Parte do mapa conceitual modificado sobre Moda

Observando a figura acima, podemos perceber que, ao adicionarmos elementos (novos conceitos e relações) ao sistema anterior, estamos “melhorando” os conceitos que definem o conceito MODA, no sentido de mostrar suas conseqüências ou derivações. Contudo, mesmo que se possa inferir, por exemplo, que há relação entre o conceito Globalização e o conceito MODA, isto não está explícito, pois não há nenhuma relação expressa ligando os dois conceitos. Poderíamos perguntar: como o Marketing ou Indústria geram Integração Econômica? Por que o Desenvolvimento Tecnológico resulta em Globalização? Faltam as razões, os porquês. Há aqui, claramente, além das implicações locais do sistema anterior, um conjunto de novas implicações sistêmicas.


Vamos olhar um segundo exemplo antes de chegarmos ao último nível de implicações. Pergunta: de onde vem o papel?




Parte do mapa conceitual sobre Papel


O sistema de relações apresentado já dá sinais de uma compreensão mais sistêmica das implicações. As ligações mostradas com as expressões “produzia-se”, “deram origem”, “era feito”, “extrai-se” e “transforma-se” parecem indicar procedimentos para se chegar ao PAPEL, tanto no sentido de processos históricos quanto físicos. Podemos observar, ainda, que o ciclo PAPIRO – ÁRVORE – CELULOSE – PAPEL dá indicações de porque o papiro deu origem ao papel, mas ainda ficam sem resposta perguntas como as que se seguem: Como a celulose transforma-se em papel? Qual a diferença, então, entre papiro e papel?


É importante notar que, ao analisarmos as implicações expressas nesse mapa, teremos elementos para ajudar quem está construindo o mapa, deixando indicações das perguntas que ainda precisam ser respondidas. Não seria essa uma maneira mais eficiente e interessante de fazer uma avaliação?


Do exposto, fica evidente que uma implicação estrutural amplia as anteriores, porque aqui aparecem as razões, os porquês. Piaget fala em compreensão endógena das razões e na descoberta das relações necessárias. Assim, mais do que um conhecimento de causas e conseqüências, as implicações estruturais estabelecem que condições (no sentido lógico) são imprescindíveis para determinadas afirmações, fazendo distinções daquelas que são apenas suficientes. Voltando ao exemplo da bola, para chegarmos a uma implicação estrutural precisaríamos explicar, por exemplo, que ao atingirmos a bola, em um chute, na parte mais inferior da mesma, a força resultante aplicada na bola a impulsiona, fazendo-a descrever um arco como trajetória. No caso dos mapas conceituais, precisaríamos combinar um conjunto de proposições para que tenhamos implicações estruturais.

Na figura a seguir, houve uma transformação na forma do mapa da Figura 4, indicando construções mais sofisticadas, no intuito de estabelecer novas “razões” para as ligações apresentadas anteriormente. No que diz respeito à análise da porção anterior, podemos notar que a pergunta – De onde vem o papel? – foi deixada de lado, para tratar do conceito PAPEL por diferentes aspectos. A ligação PAPIRO – DERAM ORIGEM – PAPEL não aparece mais, tendo sido substituída, ao que tudo indica, pela adição do conceito TRANSMITIR INFORMAÇÃO ATRAVÉS DA LÍNGUA ESCRITA, o que transformou as outras implicações dos conceitos PAPEL e PERGAMINHO.






Mapa modificado sobre o Papel


No ciclo que analisamos anteriormente (sobre o PAPIRO), foram adicionados novos conceitos que modificaram as relações anteriores. Fica evidente que a busca de justificativas para as implicações resultaram em maior compreensão do processo, ou seja, já há indicações de como o PAPIRO era produzido (PROCESSO DE SECAGEM), onde (MARGENS DO NILO, EGITO) e o que era necessário para a sua produção (FIBRAS DO CYPERUS PAPYRUS ). Nesse sentido, podemos classificar esse conjunto de implicações como estruturais. No conjunto, esse último mapa traz exemplos de todos os níveis de implicações que descrevemos anteriormente.


A título de resumo, se apresentam alguns dos aspetos mais importantes sobre os mapas conceituais

Mapa conceitual

- Técnica para representar gráficamente o conhecimento, mediante conceitos e enlaces, que possibilitam a formação de proposições.

Origem

- Investigações realizadas por Joseph Novak sobre psicologia da apresendizagem, basadas nas teorías de David Ausubel .

Elementos básicos que o constitui

- Conceitos
- Palavras ou frases de ligação
- Proposições

Tipos de ligações

- Com direção
- Sem direção
- Bidirecionais

Aplicacões

- Ensino e aprendizagem
- Gestão empresarial
- Navegação naInternet
- Desenho de investigações
- Análise bibliográfica
- Representação do conhecimento

Aparência

- Conceitos orientados hierarquicamente, principalmente de cima para baixo, necesariamente existe un concepto raíz, posivel utilização de imagens e links para recurso externos.
- Alguns mapas são orientados de acordo com uma estrutura não hierárquica de organização da informação.

Elaboração

- Individual ou em interação com outros (aprendizagem colaborativa).
- Manualmente ou com a utilização de aplicações informáticas.

Aplicações informáticas para a elaboração de mapas conceituais

• CmapTools



Vamos trabalhar?

Convidamos o(a) leitor(a) para, antes de seguir a leitura do texto, fazer o seu próprio mapa conceitual em uma folha de papel em branco, ou no computador, usando um software especializado ou até mesmo o Word ou o Powerpoint da Microsoft. Vamos lá? Escolha uma boa pergunta e faça o seu mapa.


Agora que seu mapa conceitual está pronto, provavelmente você deve estar se perguntando: será que meu mapa está bom? Ele está certo? Ainda há muitas relações que eu podia fazer, será o que um mapa conceitual não tem fim? Se você realmente se sentiu desafiado para escolher as melhores relações que você sabia entre os conceitos, o mapa conceitual pode ser considerado como uma representação bem razoável do que você considera saber sobre o assunto escolhido. Então, não é um ótimo ponto de partida para novaspesquisas? Novas descobertas?


Conheça melhor os mapas conceituais lendo uma entreviata a Joseph Novak e a um dos desenvolvedores do software CmapTools.



Conheça melhor os mapas conceituais assitindo às apresentações abaixo:


Bibliografia:

CABRERA, Angela Ojeda. Los mapas conceptuales: una poderosa herramienta para el aprendizaje significativo. Disponível em: <http://bvs.sld.cu/revistas/aci/vol15_05_07/aci09507.htm>. Acesso em: 07 out 2008.
DUTRA, Ítalo Modesto. Mapas conceituais e uma proposta de categorias construtivistas para seu uso na avaliação da aprendizagem. Ministério da Educação - Secretaria de Educação a Distância - Salto para o Futuro. Disponível em: <http://www.redebrasil.tv.br/salto/boletins2005/nfa/tetxt5.htm>. Acesso em: 01 out 2008.
LIMA, Gercina Ângela Borém. Mapa Conceitual como ferramenta paraorganização do conhecimento em sistemade hipertextos e seus aspectos cognitivos. Perspect. ciênc. inf., Belo Horizonte, v.9 n.2, p. 134-145, jul./dez. 2004
Novak JD, Gowin DB . Learning How to Learn. New York: Cambridge: Cambridge University Press; 1984.
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO RIO GRANDE DO SUL Mapas conceituais. Porto Alegre: 2008. Disponível em: <http://ntefo.vilabol.uol.com.br/index.htm>. Acesso em: 01 out 2008.
TOMAZ, José Batista Cirne. O mapa conceitual no contexto do desnho de currículo. Escola de Saúde Pública do Ceará (material de estudo): Fortaleza. 2008.
UFRGS. Mapas conceituais. Porto Alegre: 2008. Disponível em: <http://www.mapasconceituais.cap.ufrgs.br/>. Acesso em: 01 out 2008.
UFRGS. Mapas conceituais. Porto Alegre: 2008. Disponível em: <http://www.mapasconceituais.cap.ufrgs.br/>. Acesso em: 01 out 2008.
WIKIPÉDIA. Mapas conceituais. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/>. Acesso em: 01 out 2008.



Postado por João José Saraiva da Fonseca em 3 de outubro de 2008 e atualizado em 15 de fevreiro de 2009

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