Como A Revista Veja se refere à obra de Paulo Freire
A Revista Veja publicou no dia 20 de agosto de 2008 o "Especial Educação": "Depois da quantidade, a qualidade".
O Especial se refere a Paulo Freire como "autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização".
Esta afirmação tem sido contestada por diversas entidades.
Para que possam tomar a vossa decisão, proponho que leiam o Especial da Revista Veja na íntegra e depois conheçam as reações que ele motivou.
Leiam o Especial da Revista Veja "Depois da quantidade, a qualidade".
Você sabe o que estão ensinando a ele?
Uma pesquisa mostra que para os brasileiros tudo vai bem nas escolas. Mas a realidade é bem menos rósea: o sistema é medíocre
Quadro: Para eles, a Finlândia é aqui
Prontos para o século XIX
Muitos professores e seus compêndios enxergam o mundo de hoje como ele era no tempo dos tílburis. Com a justificativa de "incentivar a cidadania", incutem ideologias anacrônicas e preconceitos esquerdistas nos alunos
Mais dados da pesquisa: Literatura e internet
Reações ao Especial da Revista Veja
Reação da viúva de Paulo Freire
Na edição de 20 de agosto a revista Veja publicou a reportagem O que estão ensinando a ele? De autoria de Monica Weinberg e Camila Pereira, ela foi baseada em pesquisa sobre qualidade do ensino no Brasil. Lá pelas tantas há o seguinte trecho:
"Muitos professores brasileiros se encantam com personagens que em classe mereceriam um tratamento mais crítico, como o guerrilheiro argentino Che Guevara, que na pesquisa aparece com 86% de citações positivas, 14% de neutras e zero, nenhum ponto negativo. Ou idolatram personagens arcanos sem contribuição efetiva à civilização ocidental, como o educador Paulo Freire, autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização. Entre os professores ouvidos na pesquisa, Freire goleia o físico teórico alemão Albert Einstein, talvez o maior gênio da história da humanidade. Paulo Freire 29 x 6 Einstein. Só isso já seria evidência suficiente de que se está diante de uma distorção gigantesca das prioridades educacionais dos senhores docentes, de uma deformação no espaço-tempo tão poderosa, que talvez ajude a explicar o fato de eles viverem no passado".
Curiosamente, entre os especialistas consultados está o filósofo Roberto Romano, professor da Unicamp. Ele é o autor de um artigo publicado na Folha, em 1990, cujo título é Ceausescu no Ibirapuera. Sem citar o Paulo Freire, ele fala do Paulo Freire. É uma tática de agredir sem assumir. Na época Paulo, era secretário de Educação da prefeita Luiza Erundina.
Diante disso a viúva de Paulo Freire, Nita, escreveu a seguinte carta de repúdio:
"Como educadora, historiadora, ex-professora da PUC e da Cátedra Paulo Freire e viúva do maior educador brasileiro PAULO FREIRE -- e um dos maiores de toda a história da humanidade --, quero registrar minha mais profunda indignação e repúdio ao tipo de jornalismo, que, a cada semana a revista VEJA oferece às pessoas ingênuas ou mal intencionadas de nosso país. Não a leio por princípio, mas ouço comentários sobre sua postura danosa através do jornalismo crítico. Não proclama sua opção em favor dos poderosos e endinheirados da direita, mas , camufladamente, age em nome do reacionarismo desta.
Esta vem sendo a constante desta revista desde longa data: enodoar pessoas as quais todos nós brasileiros deveríamos nos orgulhar. Paulo, que dedicou seus 75 anos de vida lutando por um Brasil melhor, mais bonito e mais justo, não é o único alvo deles. Nem esta é a primeira vez que o atacam. Quando da morte de meu marido, em 1997, o obituário da revista em questão não lamentou a sua morte, como fizeram todos os outros órgãos da imprensa escrita, falada e televisiva do mundo, apenas reproduziu parte de críticas anteriores a ele feitas.
A matéria publicada no n. 2074, de 20/08/08, conta, lamentavelmente com o apoio do filósofo Roberto Romano que escreve sobre ética, certamente em favor da ética do mercado, contra a ética da vida criada por Paulo. Esta não é, aliás, sua primeira investida sobre alguém que é conhecido no mundo por sua conduta ética verdadeiramente humanista.
Inadmissivelmente, a matéria é elaborada por duas mulheres, que, certamente para se sentirem e serem parceiras do “filósofo” e aceitas pelos neoliberais desvirtuam o papel do feminino na sociedade brasileira atual. Com linguagem grosseira, rasteira e irresponsável, elas se filiam à mesma linha de opção política do primeiro, falam em favor da ética do mercado, que tem como premissa miserabilizar os mais pobres e os mais fracos do mundo, embora para desgosto deles, estamos conseguindo, no Brasil, superar esse sonho macabro reacionário.
Superação realizada não só pela política federal de extinção da pobreza, mas , sobretudo pelo trabalho de meu marido – na qual esta política de distribuição da renda se baseou - que demonstrou ao mundo que todos e todas somos sujeitos da história e não apenas objeto dela. Nas 12 páginas, nas quais proliferam um civismo às avessas e a má apreensão da realidade, os participantes e as autoras da matéria dão continuidade às práticas autoritárias, fascistas, retrógradas da cata às bruxas dos anos 50 e da ótica de subversão encontrada em todo ato humanista no nefasto período da Ditadura Militar.
Para satisfazer parte da elite inescrupulosa e de uma classe média brasileira medíocre que tem a Veja como seu “Norte” e “Bíblia”, esta matéria revela quase tão somente temerem as idéias de um homem humilde, que conheceu a fome dos nordestinos, e que na sua altivez e dignidade restaurou a esperança no Brasil. Apavorada com o que Paulo plantou, com sacrifício e inteligência, a Veja quer torná-lo insignificante e os e as que a fazem vendendo a sua força de trabalho, pensam que podem a qualquer custo, eliminar do espaço escolar o que há de mais importante na educação das crianças, jovens e adultos: o pensar e a formação da cidadania de todas as pessoas de nosso país, independentemente de sua classe social, etnia, gênero, idade ou religião.
Querendo diminuí-lo e ofendê-lo, contraditoriamente a revista Veja nos dá o direito de concluir que os pais, alunos e educadores escutaram a voz de Paulo, a validando e praticando. Portanto, a sociedade brasileira está no caminho certo para a construção da autêntica democracia. Querendo diminuí-lo e ofendê-lo, contraditoriamente a revista Veja nos dá o direito de proclamar que Paulo Freire Vive!
São Paulo, 11 de setembro de 2008
Ana Maria Araújo Freire".
Fonte: Viomundo
Reação de pensadores diretamente ligadas ao Instituto Paulo Freire
1. Há dois aspectos fundantes do trabalho de Freire que eu gostaria de sublinhar. O primeiro refere-se ao impacto internacional da sua obra na educação de adultos e na alfabetização. Ele recebeu muitos prêmios por este trabalho. O segundo é a criação de um modelo de educação crítica que tem impactado a formação docente e também a política educativa em muitos países do mundo. Freire não é um educador menor e nem tampouco obsoleto. Pelo contrário, os problemas que ele confrontou ainda não foram resolvidos: por isso seu legado é ainda muito atual. Não há nenhuma dúvida: ele é o mais conhecido educador latino-americano, só comparável no mundo inteiro com Dewey.
Carlos Alberto Torres - Diretor Fundador do Instituto Paulo Freire e Professor da Universidade da Califórnia, Los Angeles
2. A Veja desta semana apresenta a figura de Paulo Freire como um educador menor, e defensor de um esquerdismo educacional inconseqüente. Creio que isso tem a ver com alguns pontos visíveis na política educacional brasileira. O país investe pouco na educação pública e nas políticas públicas que lhe dão suporte (livros, materiais didáticos, valorização do professor, pacto federativos, etc.). Há um nítido avanço dos grupos privados sobre os recursos públicos, especialmente no ensino superior, onde por meio de vários mecanismos, já chegamos a 75% do alunado desse ramo de educação, matriculados em estabelecimentos privados. Todos sabemos que esta "bolha" já está explodindo e esses grupos, inclusive com ramificações no exterior, não desejam perder os espaços já conquistados. Com respeito ao material didático, por alguns artifícios legais, alguns municípios estão abdicando dos livros adquiridos via MEC e substituindo-os por apostilas confeccionadas por organizações como algumas daquelas mencionadas na matéria da Revista Veja. Esses grupos privados estão ocupando espaços cada vez maiores, seja no Congresso Nacional, no Conselho Nacional de Educação e nos Conselhos Estaduais de Educação. Esse é o contexto da matéria da Veja. Ela defende interesses privados e ataca Freire por que é um defensor da escola pública igualitária, democrática e inclusiva de uma cidadania que forme o novo homem do século XX.
Walter Esteves Garcia - Diretor Fundador do Instituto Paulo Freire
3. Paulo Freire não respondia a ataques pessoais. A Revista Veja é muito coerente com a sua postura ideológica. Há mais de uma década ela vem atacando Freire. Hoje ela faz parte da campanha "Compromisso Todos pela Educação", ao lado da FIESP e de outras instituições que defendem uma educação com base na ética do mercado, contrária aos princípios pedagógicos freirianos. Creio que a posição da Revista Veja, hoje como ontem, continua firme na defesa da sua ideologia neoliberal, que, segundo Freire, nega o sonho e a utopia. É melhor esta posição firme do que a aquela que se esconde sob o manto de uma pseudo-neutralidade. A Revista Veja não está contente com os docentes que, mesmo em condições tão adversas, buscam educar para um outro mundo possível. Saber que 29% dos professores se identificam com Paulo Freire é uma demonstração evidente de que as suas idéias tem ressonância neles e que nós, do Instituto Paulo Freire, continuando e reinventando Freire, estamos no caminho certo.
Moacir Gadotti - Diretor Fundador do Instituto Paulo Freire
Fonte: Instituto Paulo Freire
Reação do Filósofo Paulo Ghiraldelli Jr
Para que possa tirar as suas conclusões, proponho que leia a obra de Paulo Freire, disponibilizada no site da Biblioteca Digital Paulo Freire da UFPB e na Biblioteca Digital da Floresta Ministra Marina Silva.
Nas bibliotecas acima indicadas podem encontrar disponíveis para download e impressão, obras do autor tais como:
* A importância do ato de ler
* Ação Cultural para a Liberdade
* Extensão ou Comunicação
* Medo e Ousadia
* Pedagogia da Autonomia
* Pedagogia da Indignação
* Pedagogia do Oprimido
* Política e Educação
* Professora sim, Tia não.
Postado por João José Saraiva da Fonseca em 14 de setembro de 2008 e repostado em 15 de abril de 2009.
O Especial se refere a Paulo Freire como "autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização".
Esta afirmação tem sido contestada por diversas entidades.
Para que possam tomar a vossa decisão, proponho que leiam o Especial da Revista Veja na íntegra e depois conheçam as reações que ele motivou.
Leiam o Especial da Revista Veja "Depois da quantidade, a qualidade".
Você sabe o que estão ensinando a ele?
Uma pesquisa mostra que para os brasileiros tudo vai bem nas escolas. Mas a realidade é bem menos rósea: o sistema é medíocre
Quadro: Para eles, a Finlândia é aqui
Prontos para o século XIX
Muitos professores e seus compêndios enxergam o mundo de hoje como ele era no tempo dos tílburis. Com a justificativa de "incentivar a cidadania", incutem ideologias anacrônicas e preconceitos esquerdistas nos alunos
Mais dados da pesquisa: Literatura e internet
Reações ao Especial da Revista Veja
Reação da viúva de Paulo Freire
Na edição de 20 de agosto a revista Veja publicou a reportagem O que estão ensinando a ele? De autoria de Monica Weinberg e Camila Pereira, ela foi baseada em pesquisa sobre qualidade do ensino no Brasil. Lá pelas tantas há o seguinte trecho:
"Muitos professores brasileiros se encantam com personagens que em classe mereceriam um tratamento mais crítico, como o guerrilheiro argentino Che Guevara, que na pesquisa aparece com 86% de citações positivas, 14% de neutras e zero, nenhum ponto negativo. Ou idolatram personagens arcanos sem contribuição efetiva à civilização ocidental, como o educador Paulo Freire, autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização. Entre os professores ouvidos na pesquisa, Freire goleia o físico teórico alemão Albert Einstein, talvez o maior gênio da história da humanidade. Paulo Freire 29 x 6 Einstein. Só isso já seria evidência suficiente de que se está diante de uma distorção gigantesca das prioridades educacionais dos senhores docentes, de uma deformação no espaço-tempo tão poderosa, que talvez ajude a explicar o fato de eles viverem no passado".
Curiosamente, entre os especialistas consultados está o filósofo Roberto Romano, professor da Unicamp. Ele é o autor de um artigo publicado na Folha, em 1990, cujo título é Ceausescu no Ibirapuera. Sem citar o Paulo Freire, ele fala do Paulo Freire. É uma tática de agredir sem assumir. Na época Paulo, era secretário de Educação da prefeita Luiza Erundina.
Diante disso a viúva de Paulo Freire, Nita, escreveu a seguinte carta de repúdio:
"Como educadora, historiadora, ex-professora da PUC e da Cátedra Paulo Freire e viúva do maior educador brasileiro PAULO FREIRE -- e um dos maiores de toda a história da humanidade --, quero registrar minha mais profunda indignação e repúdio ao tipo de jornalismo, que, a cada semana a revista VEJA oferece às pessoas ingênuas ou mal intencionadas de nosso país. Não a leio por princípio, mas ouço comentários sobre sua postura danosa através do jornalismo crítico. Não proclama sua opção em favor dos poderosos e endinheirados da direita, mas , camufladamente, age em nome do reacionarismo desta.
Esta vem sendo a constante desta revista desde longa data: enodoar pessoas as quais todos nós brasileiros deveríamos nos orgulhar. Paulo, que dedicou seus 75 anos de vida lutando por um Brasil melhor, mais bonito e mais justo, não é o único alvo deles. Nem esta é a primeira vez que o atacam. Quando da morte de meu marido, em 1997, o obituário da revista em questão não lamentou a sua morte, como fizeram todos os outros órgãos da imprensa escrita, falada e televisiva do mundo, apenas reproduziu parte de críticas anteriores a ele feitas.
A matéria publicada no n. 2074, de 20/08/08, conta, lamentavelmente com o apoio do filósofo Roberto Romano que escreve sobre ética, certamente em favor da ética do mercado, contra a ética da vida criada por Paulo. Esta não é, aliás, sua primeira investida sobre alguém que é conhecido no mundo por sua conduta ética verdadeiramente humanista.
Inadmissivelmente, a matéria é elaborada por duas mulheres, que, certamente para se sentirem e serem parceiras do “filósofo” e aceitas pelos neoliberais desvirtuam o papel do feminino na sociedade brasileira atual. Com linguagem grosseira, rasteira e irresponsável, elas se filiam à mesma linha de opção política do primeiro, falam em favor da ética do mercado, que tem como premissa miserabilizar os mais pobres e os mais fracos do mundo, embora para desgosto deles, estamos conseguindo, no Brasil, superar esse sonho macabro reacionário.
Superação realizada não só pela política federal de extinção da pobreza, mas , sobretudo pelo trabalho de meu marido – na qual esta política de distribuição da renda se baseou - que demonstrou ao mundo que todos e todas somos sujeitos da história e não apenas objeto dela. Nas 12 páginas, nas quais proliferam um civismo às avessas e a má apreensão da realidade, os participantes e as autoras da matéria dão continuidade às práticas autoritárias, fascistas, retrógradas da cata às bruxas dos anos 50 e da ótica de subversão encontrada em todo ato humanista no nefasto período da Ditadura Militar.
Para satisfazer parte da elite inescrupulosa e de uma classe média brasileira medíocre que tem a Veja como seu “Norte” e “Bíblia”, esta matéria revela quase tão somente temerem as idéias de um homem humilde, que conheceu a fome dos nordestinos, e que na sua altivez e dignidade restaurou a esperança no Brasil. Apavorada com o que Paulo plantou, com sacrifício e inteligência, a Veja quer torná-lo insignificante e os e as que a fazem vendendo a sua força de trabalho, pensam que podem a qualquer custo, eliminar do espaço escolar o que há de mais importante na educação das crianças, jovens e adultos: o pensar e a formação da cidadania de todas as pessoas de nosso país, independentemente de sua classe social, etnia, gênero, idade ou religião.
Querendo diminuí-lo e ofendê-lo, contraditoriamente a revista Veja nos dá o direito de concluir que os pais, alunos e educadores escutaram a voz de Paulo, a validando e praticando. Portanto, a sociedade brasileira está no caminho certo para a construção da autêntica democracia. Querendo diminuí-lo e ofendê-lo, contraditoriamente a revista Veja nos dá o direito de proclamar que Paulo Freire Vive!
São Paulo, 11 de setembro de 2008
Ana Maria Araújo Freire".
Fonte: Viomundo
Reação de pensadores diretamente ligadas ao Instituto Paulo Freire
1. Há dois aspectos fundantes do trabalho de Freire que eu gostaria de sublinhar. O primeiro refere-se ao impacto internacional da sua obra na educação de adultos e na alfabetização. Ele recebeu muitos prêmios por este trabalho. O segundo é a criação de um modelo de educação crítica que tem impactado a formação docente e também a política educativa em muitos países do mundo. Freire não é um educador menor e nem tampouco obsoleto. Pelo contrário, os problemas que ele confrontou ainda não foram resolvidos: por isso seu legado é ainda muito atual. Não há nenhuma dúvida: ele é o mais conhecido educador latino-americano, só comparável no mundo inteiro com Dewey.
Carlos Alberto Torres - Diretor Fundador do Instituto Paulo Freire e Professor da Universidade da Califórnia, Los Angeles
2. A Veja desta semana apresenta a figura de Paulo Freire como um educador menor, e defensor de um esquerdismo educacional inconseqüente. Creio que isso tem a ver com alguns pontos visíveis na política educacional brasileira. O país investe pouco na educação pública e nas políticas públicas que lhe dão suporte (livros, materiais didáticos, valorização do professor, pacto federativos, etc.). Há um nítido avanço dos grupos privados sobre os recursos públicos, especialmente no ensino superior, onde por meio de vários mecanismos, já chegamos a 75% do alunado desse ramo de educação, matriculados em estabelecimentos privados. Todos sabemos que esta "bolha" já está explodindo e esses grupos, inclusive com ramificações no exterior, não desejam perder os espaços já conquistados. Com respeito ao material didático, por alguns artifícios legais, alguns municípios estão abdicando dos livros adquiridos via MEC e substituindo-os por apostilas confeccionadas por organizações como algumas daquelas mencionadas na matéria da Revista Veja. Esses grupos privados estão ocupando espaços cada vez maiores, seja no Congresso Nacional, no Conselho Nacional de Educação e nos Conselhos Estaduais de Educação. Esse é o contexto da matéria da Veja. Ela defende interesses privados e ataca Freire por que é um defensor da escola pública igualitária, democrática e inclusiva de uma cidadania que forme o novo homem do século XX.
Walter Esteves Garcia - Diretor Fundador do Instituto Paulo Freire
3. Paulo Freire não respondia a ataques pessoais. A Revista Veja é muito coerente com a sua postura ideológica. Há mais de uma década ela vem atacando Freire. Hoje ela faz parte da campanha "Compromisso Todos pela Educação", ao lado da FIESP e de outras instituições que defendem uma educação com base na ética do mercado, contrária aos princípios pedagógicos freirianos. Creio que a posição da Revista Veja, hoje como ontem, continua firme na defesa da sua ideologia neoliberal, que, segundo Freire, nega o sonho e a utopia. É melhor esta posição firme do que a aquela que se esconde sob o manto de uma pseudo-neutralidade. A Revista Veja não está contente com os docentes que, mesmo em condições tão adversas, buscam educar para um outro mundo possível. Saber que 29% dos professores se identificam com Paulo Freire é uma demonstração evidente de que as suas idéias tem ressonância neles e que nós, do Instituto Paulo Freire, continuando e reinventando Freire, estamos no caminho certo.
Moacir Gadotti - Diretor Fundador do Instituto Paulo Freire
Fonte: Instituto Paulo Freire
Reação do Filósofo Paulo Ghiraldelli Jr
Para que possa tirar as suas conclusões, proponho que leia a obra de Paulo Freire, disponibilizada no site da Biblioteca Digital Paulo Freire da UFPB e na Biblioteca Digital da Floresta Ministra Marina Silva.
Nas bibliotecas acima indicadas podem encontrar disponíveis para download e impressão, obras do autor tais como:
* A importância do ato de ler
* Ação Cultural para a Liberdade
* Extensão ou Comunicação
* Medo e Ousadia
* Pedagogia da Autonomia
* Pedagogia da Indignação
* Pedagogia do Oprimido
* Política e Educação
* Professora sim, Tia não.
Postado por João José Saraiva da Fonseca em 14 de setembro de 2008 e repostado em 15 de abril de 2009.
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