ANOTAÇÕES SOBRE A PRODUÇÃO DE MATERIAL EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
ANOTAÇÕES SOBRE A PRODUÇÃO DE MATERIAL EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Desejamos, nestas anotações, relembrar alguns aspectos importantes a serem considerados para a produção de material impresso, destinado à educação a distância(EAD). Trata-se de uma recordação, vez que tais aspectos, além de já terem sido apontados em muitos estudos, pesquisas ou experiências bem sucedidas, constituem-se, hoje, em sólidos aportes teóricos e práticos, utilizados por muitos de nós, em nossas atividades de rotina com EAD.
Mas, apesar dos benefícios que, certamente, tais aportes têm oferecido, continuamos a nos defrontar, dia-a-dia, com muitos e variados desafios, tanto em nossa experiência de coordenação, quanto de produção propriamente dita de material impresso de EAD.
Um dos primeiros desafios refere-se à busca de respostas às seguintes questões: que condições um material impresso para EAD deve reunir para cumprir as múltiplas tarefas do processo ensino-aprendizagem? Será que o material impresso pode cumprir todas as funções atribuídas ao professor?
Entre todos os recursos de ensino utilizados em programas de educação a distância, o material impresso destaca-se como elemento principal, como a peça-chave dessa metodologia de ensino. Isto porque ele é o instrumento de trabalho fisicamente palpável, que pertence ao aluno e pode ser manipulado onde e quando ele quiser, uma vez que está à sua disposição constantemente.
Apesar de receber várias denominações módulos de ensino, módulos de estudo, módulos auto-instrucionais, lições por correspondência, blocos de ensino individualizado, entre outros o material impresso, certamente, deve cumprir variadas funções, como nos diz Ibánez: “o material impresso é obrigado a assumir a quase totalidade das funções do professor em aula; a oferecer a totalidade da informação, sem a presença estimulante, clarificadora do professor; a motivar e captar a atenção, como o professor procura fazer, no início e no decorrer da aula; a dialogar ou suscitar o diálogo interior mediante perguntas que obriguem o aluno a reconsiderar o estudado; a incitar a formular de um modo pessoal tudo o que se vai aprendendo em um permanente exercício de aprendizagem. Deve controlar o aprendizado, saber qual é o ponto de partida e o de chegada, no começo e no final de cada aula ou unidade de aprendizagem. Há de tornar possível o aprendizado inteligente, em casa, fora do centro docente, sozinho ou, no melhor dos casos, na companhia de alguns amigos que se encontram em situação semelhante”.
Como você pode ver, produzir materiais impressos que atendam, ou melhor, que contemplem todas estas funções não é uma tarefa das mais fáceis.
Diante disso, indagamos: qual então o formato mais adequado? Que estilo de comunicação ou linguagem é mais apropriado para o alcance dos objetivos pretendidos? Que aspectos físicos (dimensão, diagramação, tipo de papel, impressão etc.) devem ser considerados para tornar o material impresso mais eficiente?
As respostas a estas questões só serão possíveis após a definição de alguns parâmetros do curso ou programa a ser desenvolvido: a proposta filosófica e metodológica do curso, incluindo-se aí, a modalidade de educação a distância a ser adotada: indireta, semi-presencial, com ou sem apoio tutorial, com ou sem encontros presenciais, etc.; os objetivos que se deseja alcançar; o conteúdo e sua forma de distribuição; concepção e formas de avaliação da aprendizagem; características da clientela; duração do curso, entre outros.
É bastante comum, especialistas em EAD serem convidadas para elaborar ou fazer a “redação metodológica” de um material impresso, sem que este convite venha acompanhado dos parâmetros do curso que se deseja implantar. Nessas circunstâncias, formatar um material é, sem dúvida, bastante arriscado, pois nem sempre o trabalho encomendado resulta satisfatório, podendo até gerar dúvidas a respeito da capacidade desse especialista.
É possível, entretanto, evitar tais situações, alertando aqueles que contratam o serviço quanto à necessidade de definir, com clareza, o projeto do curso ao qual se destina o material. Objetivos, conteúdos, existência de texto-base bem elaborado, características da clientela, entre outros, são informações essenciais para que o especialista possa levar adiante uma proposta de qualidade acerca da formatação do material.
É importante reafirmar, ainda, que a produção de materiais é um dos aspectos decisivos para o êxito de qualquer proposta de EAD. Para tanto, o material impresso precisa estar coerente com a linha pedagógica do curso, atender aos objetivos pretendidos, permitir não somente a socialização de conhecimentos mas, sobretudo, a construção de novos, além de proporcionar o resgate da relação teoria-prática .
LINGUAGEM : clareza e precisão das idéias
• comunicar-se com o aluno como se estivesse presente, através de uma linguagem coloquial. É importante estabelecer um diálogo com o leitor, através de perguntas e expressões do tipo “não é mesmo? você concorda? você não acha? qual a sua opinião sobre isto?” Mas, é, também, igualmente importante, que o aluno seja levado a elaborar suas próprias perguntas e dê sua opinião para tornar o texto mais claro, inteligente e útil para sua auto-aprendizagem.
Como diz Ibánez (...) “as perguntas são um elemento dinamizador importante, podendo agilizar a colocação das questões e, sobretudo, estimular o aluno a formulá-las constantemente, a deter-se na marcha da aprendizagem, a estabelecer um momento de reflexão e a decidir-se pela via que parece mais promissora, como se fizesse um exame de consciência”.
• o vocabulário deve ser familiar, partindo do que é usual ao aluno e progressivamente ir introduzindo novos vocábulos; evitar complexidade sintática; não apelar para parágrafos longos; incluir, sempre que necessário, um glossário, para decodificação dos vocábulos ou expressões difíceis utilizados no texto.
Uma publicação do Ministério da Educação sobre Ensino por Correspondência de 1981, já chamava a atenção para esta questão da linguagem e recomendava: (...) “se preocupem com a linguagem utilizada nos textos seja do ponto de vista da comunicação, englobando os aspectos de adequação, dosagem e interesse, seja do ponto de vista lingüístico enfocadas a correção, precisão e adequação vocabular empregadas, bem como a estrutura da língua”.
ILUSTRAÇÕES
As ilustrações (fotos, desenhos, gráficos, tabelas, etc.) têm uma importância fundamental, desde que colocadas adequadamente no texto. Devem focalizar a atenção do aluno e convidá-lo para a leitura. Devem ter como funções auxiliar na compreensão do texto lido, complementar conteúdos, além de contribuir para a sua leveza e motivação para ler. Recomenda-se, no entanto, evitar imagens apenas decorativas, ou que repitam o que está no texto, pois isto em nada ajuda o leitor e ainda encarece a produção.
RECURSOS TIPOGRÁFICOS
Além dos pontos acima observados relativos à linguagem e às ilustrações, outros fatores também podem contribuir para tornar o material mais eficiente, facilitando a aprendizagem do aluno: tipo e tamanho de letra, cores, tamanho do módulo, entre outros.
Atualmente, com a computação gráfica, as opções são maiores e melhores, o que pode favorecer a produção de materiais muito mais ricos, agradáveis e atraentes.
BIBLIOGRAFIA
1.IBÁNEZ. Ricardo Marín. O material impresso no ensino a distância. Tradução: Ivana de Mello Medeiros e Ana de Lourdes B. de Castro. Rio de Janeiro: Universidade Castelo Branco, 1996.
2. BALLALAI, Roberto(Org.). Educação à distância. Niterói-RJ: Centro Educacional de Niterói, 1991.
3. MATTOS, Sonia G. Gomes. Construção e validação de uma ficha de avaliação intrínseca para módulos auto-instrucionais utilizados pelo Ensino Supletivo(Função de Suplência): FAVIM(Dissertação de Mestrado). Rio de Janeiro: Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1982.
4. MEC/CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA. Curso a Distância de Especialização em Didática Aplicada à Educação Tecnológica. Manual do Cursista e Módulos de Estudo. Rio de Janeiro: 1994.
5. REIS, Ana Maria Viegas. Ensino a distância...megatendência atual. São Paulo: Editora Imobiliária, 1996.
Fonte: Antonia Ribeiro e Maria Esther Provenzano (adaptado por João José Saraiva da Fonseca)
Postado em 4 de janeiro de 2009 por João José Saraiva da Fonseca
Desejamos, nestas anotações, relembrar alguns aspectos importantes a serem considerados para a produção de material impresso, destinado à educação a distância(EAD). Trata-se de uma recordação, vez que tais aspectos, além de já terem sido apontados em muitos estudos, pesquisas ou experiências bem sucedidas, constituem-se, hoje, em sólidos aportes teóricos e práticos, utilizados por muitos de nós, em nossas atividades de rotina com EAD.
Mas, apesar dos benefícios que, certamente, tais aportes têm oferecido, continuamos a nos defrontar, dia-a-dia, com muitos e variados desafios, tanto em nossa experiência de coordenação, quanto de produção propriamente dita de material impresso de EAD.
Um dos primeiros desafios refere-se à busca de respostas às seguintes questões: que condições um material impresso para EAD deve reunir para cumprir as múltiplas tarefas do processo ensino-aprendizagem? Será que o material impresso pode cumprir todas as funções atribuídas ao professor?
Entre todos os recursos de ensino utilizados em programas de educação a distância, o material impresso destaca-se como elemento principal, como a peça-chave dessa metodologia de ensino. Isto porque ele é o instrumento de trabalho fisicamente palpável, que pertence ao aluno e pode ser manipulado onde e quando ele quiser, uma vez que está à sua disposição constantemente.
Apesar de receber várias denominações módulos de ensino, módulos de estudo, módulos auto-instrucionais, lições por correspondência, blocos de ensino individualizado, entre outros o material impresso, certamente, deve cumprir variadas funções, como nos diz Ibánez: “o material impresso é obrigado a assumir a quase totalidade das funções do professor em aula; a oferecer a totalidade da informação, sem a presença estimulante, clarificadora do professor; a motivar e captar a atenção, como o professor procura fazer, no início e no decorrer da aula; a dialogar ou suscitar o diálogo interior mediante perguntas que obriguem o aluno a reconsiderar o estudado; a incitar a formular de um modo pessoal tudo o que se vai aprendendo em um permanente exercício de aprendizagem. Deve controlar o aprendizado, saber qual é o ponto de partida e o de chegada, no começo e no final de cada aula ou unidade de aprendizagem. Há de tornar possível o aprendizado inteligente, em casa, fora do centro docente, sozinho ou, no melhor dos casos, na companhia de alguns amigos que se encontram em situação semelhante”.
Como você pode ver, produzir materiais impressos que atendam, ou melhor, que contemplem todas estas funções não é uma tarefa das mais fáceis.
Diante disso, indagamos: qual então o formato mais adequado? Que estilo de comunicação ou linguagem é mais apropriado para o alcance dos objetivos pretendidos? Que aspectos físicos (dimensão, diagramação, tipo de papel, impressão etc.) devem ser considerados para tornar o material impresso mais eficiente?
As respostas a estas questões só serão possíveis após a definição de alguns parâmetros do curso ou programa a ser desenvolvido: a proposta filosófica e metodológica do curso, incluindo-se aí, a modalidade de educação a distância a ser adotada: indireta, semi-presencial, com ou sem apoio tutorial, com ou sem encontros presenciais, etc.; os objetivos que se deseja alcançar; o conteúdo e sua forma de distribuição; concepção e formas de avaliação da aprendizagem; características da clientela; duração do curso, entre outros.
É bastante comum, especialistas em EAD serem convidadas para elaborar ou fazer a “redação metodológica” de um material impresso, sem que este convite venha acompanhado dos parâmetros do curso que se deseja implantar. Nessas circunstâncias, formatar um material é, sem dúvida, bastante arriscado, pois nem sempre o trabalho encomendado resulta satisfatório, podendo até gerar dúvidas a respeito da capacidade desse especialista.
É possível, entretanto, evitar tais situações, alertando aqueles que contratam o serviço quanto à necessidade de definir, com clareza, o projeto do curso ao qual se destina o material. Objetivos, conteúdos, existência de texto-base bem elaborado, características da clientela, entre outros, são informações essenciais para que o especialista possa levar adiante uma proposta de qualidade acerca da formatação do material.
É importante reafirmar, ainda, que a produção de materiais é um dos aspectos decisivos para o êxito de qualquer proposta de EAD. Para tanto, o material impresso precisa estar coerente com a linha pedagógica do curso, atender aos objetivos pretendidos, permitir não somente a socialização de conhecimentos mas, sobretudo, a construção de novos, além de proporcionar o resgate da relação teoria-prática .
LINGUAGEM : clareza e precisão das idéias
• comunicar-se com o aluno como se estivesse presente, através de uma linguagem coloquial. É importante estabelecer um diálogo com o leitor, através de perguntas e expressões do tipo “não é mesmo? você concorda? você não acha? qual a sua opinião sobre isto?” Mas, é, também, igualmente importante, que o aluno seja levado a elaborar suas próprias perguntas e dê sua opinião para tornar o texto mais claro, inteligente e útil para sua auto-aprendizagem.
Como diz Ibánez (...) “as perguntas são um elemento dinamizador importante, podendo agilizar a colocação das questões e, sobretudo, estimular o aluno a formulá-las constantemente, a deter-se na marcha da aprendizagem, a estabelecer um momento de reflexão e a decidir-se pela via que parece mais promissora, como se fizesse um exame de consciência”.
• o vocabulário deve ser familiar, partindo do que é usual ao aluno e progressivamente ir introduzindo novos vocábulos; evitar complexidade sintática; não apelar para parágrafos longos; incluir, sempre que necessário, um glossário, para decodificação dos vocábulos ou expressões difíceis utilizados no texto.
Uma publicação do Ministério da Educação sobre Ensino por Correspondência de 1981, já chamava a atenção para esta questão da linguagem e recomendava: (...) “se preocupem com a linguagem utilizada nos textos seja do ponto de vista da comunicação, englobando os aspectos de adequação, dosagem e interesse, seja do ponto de vista lingüístico enfocadas a correção, precisão e adequação vocabular empregadas, bem como a estrutura da língua”.
ILUSTRAÇÕES
As ilustrações (fotos, desenhos, gráficos, tabelas, etc.) têm uma importância fundamental, desde que colocadas adequadamente no texto. Devem focalizar a atenção do aluno e convidá-lo para a leitura. Devem ter como funções auxiliar na compreensão do texto lido, complementar conteúdos, além de contribuir para a sua leveza e motivação para ler. Recomenda-se, no entanto, evitar imagens apenas decorativas, ou que repitam o que está no texto, pois isto em nada ajuda o leitor e ainda encarece a produção.
RECURSOS TIPOGRÁFICOS
Além dos pontos acima observados relativos à linguagem e às ilustrações, outros fatores também podem contribuir para tornar o material mais eficiente, facilitando a aprendizagem do aluno: tipo e tamanho de letra, cores, tamanho do módulo, entre outros.
Atualmente, com a computação gráfica, as opções são maiores e melhores, o que pode favorecer a produção de materiais muito mais ricos, agradáveis e atraentes.
BIBLIOGRAFIA
1.IBÁNEZ. Ricardo Marín. O material impresso no ensino a distância. Tradução: Ivana de Mello Medeiros e Ana de Lourdes B. de Castro. Rio de Janeiro: Universidade Castelo Branco, 1996.
2. BALLALAI, Roberto(Org.). Educação à distância. Niterói-RJ: Centro Educacional de Niterói, 1991.
3. MATTOS, Sonia G. Gomes. Construção e validação de uma ficha de avaliação intrínseca para módulos auto-instrucionais utilizados pelo Ensino Supletivo(Função de Suplência): FAVIM(Dissertação de Mestrado). Rio de Janeiro: Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1982.
4. MEC/CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA. Curso a Distância de Especialização em Didática Aplicada à Educação Tecnológica. Manual do Cursista e Módulos de Estudo. Rio de Janeiro: 1994.
5. REIS, Ana Maria Viegas. Ensino a distância...megatendência atual. São Paulo: Editora Imobiliária, 1996.
Fonte: Antonia Ribeiro e Maria Esther Provenzano (adaptado por João José Saraiva da Fonseca)
Postado em 4 de janeiro de 2009 por João José Saraiva da Fonseca
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