Novas formas de ver TV - A televisão aberta tem concorrência forte

Parece que estamos em época de mudança de paradigmas na televisão aberta, face à concorrência, da internet

Pelo menos é o que se compreende nos dois artigos que se postam abaixo.

Essa tendência é confirmada num estudo da Microsoft que também se apresenta.


Crise faz audiência migrar da TV para web?


Reuters
Terça-feira, 13 de janeiro de 2009


LONDRES -a primeira recessão mundial da era da iternet, os consumidores preocupados com gastos estão demonstrando que já não têm apetite inesgotável por todos os novos aparelhos ou serviços de mídia.
Muitos usuários estão tentando eliminar serviços sobrepostos que ofereçam o mesmo velho entretenimento em um pacote diferente ou para um aparelho diferente.

Com iPods, TVs digitais, gravadores de vídeo, computadores multimídia e conexões de banda larga disponíveis em muitos domicílios, os consumidores que estão estudando suas opções agora encontram uma série de substitutos online efetivos para a TV aberta, via cabo ou via satélite.

Será que 2009 será o ano que começaremos seriamente a perguntar "o que está passando na Internet?" em lugar de "o que está passando na televisão"?

Um estudo divulgado esta semana pela consultoria Deloitte, sobre os hábitos de consumo de mídia, sugere que isso pode ser verdade.

A pesquisa, concluída em outubro e envolvendo consumidores de entre 14 e 75 anos, constatou que uma maioria dos consumidores já considera que seus computadores pessoais oferecem melhor entretenimento do que os televisores.

Os dados são parte de um estudo em cinco países que envolveu quase 9 mil consumidores e encontrou uma mudança nas preferências por entretenimento da TV para a mídia online. No Brasil, os consumidores entrevistados passaram 19,3 horas online para fins pessoais ante 9,8 horas assistindo TV.

Nos Estados Unidos, a chamada "geração do milênio", formada por consumidores de entre 14 e 19 anos criados inteiramente durante a era da Internet, afirma que computadores oferecem mais entretenimento do que a TV.

Cerca de metade dos norte-americanos da geração baby boom (os nascidos entre 1946 e 1964) concordam que os computadores oferecem mais. E 42 por cento das pessoas da chamada "geração da leitura", com 62 anos ou mais de idade, consideram que os computadores oferecem tanto entretenimento quanto a TV.

Nos EUA, a geração do milênio passa em média 18,8 horas por semana online, quase duas vezes mais do que o tempo que dedicam a assistir TV.

De fato, assistir à TV na Web é um comportamento que vai ser contido até que os consumidores possam escolher quando e em que aparelho querem ver um programa específico.

Autoridades regulatórias podem fazer mais para ajudar a quebrar o empacotamento de mídia em favor de preços à la carte que permitam que os consumidores assistam ao que quiserem ver além de liberarem a programação para a Web.
Não se trata de alta definição em uma tela grande, mas de ver ou ouvir o que se quer a um preço difícil de bater.

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‘My time’ pode ditar o fim do horário nobre

Se não revirmos o papel das nossas televisões acabaremos como os fabricantes de automóveis', afirmou recentemente Jeffrey Zucker, presidente da NBC, face ao facto da estação ter perdido cerca de 50% dos seus telespectadores das dez da noite em apenas três anos. Tudo porque os norte-americanos usam cada vez mais a gravação digital (DVR) para verem os seus programas preferidos quando mais lhes convém, ou seja, criam a sua própria grelha de programação. O ‘horário nobre’ (‘prime time’, das 20h00 às 23h00) está assim a ser substituído pelo ‘meu horário’ (‘my time’).

O fenómeno ‘my time’ pode estar a ditar o fim do ‘prime time’ nos Estados Unidos, mas Portugal ainda está longe de conhecer tal revolução. Contudo, a gravação digital já se tornou parte da vida de quem, por exemplo, assina um serviço de televisão por subscrição com esta funcionalidade. 'Os programas mais gravados são séries e documentários exibidos em horário nobre.

Convém ainda recordar que, com a implementação da Televisão Digital Terrestre em Portugal (TDT), o alcance da gravação digital será muito maior, uma vez que vão existir receptores (set top boxes) que permitem gravar programas.

'Tanto as televisões como os distribuidores do sinal por cabo estão a adaptar-se a este novo conceito. Porque sabem que hoje é difícil, se não mesmo impossível, os consumidores estarem a uma determinada hora e num determinado dia em frente ao televisor. O crítico televisivo Fernando Sobral refere que 'Os canais generalistas vão ter cada vez mais problemas para serem maioritários e hegemónimos. Aquilo que é o público médio, que tentam alcançar, vai segmentar-se cada vez mais em busca das suas referências e gostos próprios. A fragmentação vai existir. E acho que isso não vai ser uma boa notícia para a qualidade dos canais generalistas, que tentarão refinar ainda mais a oferta para aquilo que julgam ser popular e rentável.'

Já Francisco Teotónio Pereira, responsável pelo Gabinete de Multimédia da RTP, acredita que a grande revolução acontecerá com a Televisão Digital Terrestre (TDT). 'Quando a TDT chegar a nossas casas teremos mais qualidade de som e imagem, um novo formato, poderemos ver vários canais em simultâneo, usufruir da interactividade, aceder a conteúdos ‘video-on-demand’ e muitas funcionalidades ao nível da gravação e do visionamento de programas. Nessa altura, a televisão mudará para sempre. Para já, o digital ditou a morte do conceito de ‘prime time’, que está a perder a sua importância em detrimento de um novo conceito – o ‘my time’ – transferindo para o público a liberdade de escolha da circunstância, do local e da hora de acesso', afirma. Nuno Bernardo, da beActive, empresa responsável pela produção de séries para a internet, frisa que o horário nobre sobrevivirá apenas de grandes eventos em directo, como jogos de futebol, reality shows e grandes eventos como o Festival da Canção e a cerimónia dos Óscares: 'Testemunhei, pela primeira vez, este fenómeno nos Estados Unidos, quando a série ‘True Blood’ (‘Sangue Fresco’) estreou. O número de pessoas que viu o primeiro episódio em ‘directo’ foi muito inferior às que o viram na internet ou gravado.' Mas, apesar das evidências, Francisco Rui Cádima defende que o processo é lento: 'Não há que dramatizar. Ainda existe um ‘grande público’ relativamente estável para garantir a TV tradicional.' O crítico de televisão e professor universitário acredita que o verdadeiro inimigo do pequeno ecrã é a internet. 'A televisão vai desaparecer nos próximos 25 anos.' Menos radical é a opinião de Paulo Soares, director de Conteúdos de Programação e Audimetria da TVI. 'Algumas gerações ainda têm medo de usar a tecnologia. É exagerado dizer que muita coisa mudou', revela o responsável, para quem os canais generalistas 'continuam de boa saúde'. 'Vai haver uma transição, mas nunca será abrupta.

O sucesso que a internet está a alcançar, sobretudo entre as camadas mais jovens, também está a mudar a forma como os portugueses vêem televisão. 'Não é por acaso que sites como o Surfthechannel, que oferecem séries e filmes muitas vezes antes que os canais do cabo, são pólos de atracção', frisa Fernando Sobral. Já Paulo Soares acredita que este êxito tem a ver com o 'entusiasmo relativamente às novas tecnologias que estão a aparecer' e não representa uma ameaça para a televisão. 'Curiosamente, o que as pessoas mais procuram na internet são conteúdos audiovisuais', diz. Na opinião de Francisco Teotónio Pereira, 'o público continua a procurar momentos de lazer e de entretenimento que não impliquem a sua intervenção e a TV preenche essa necessidade. Por isso o consumo de televisão não diminuiu apesar do sucesso da internet'.

NA EUROPA

23% de pessoas vê televisão e internet em simultâneo. 15% utiliza a internet frente ao televisor.

82% dos jovens entre os 16 e os 24 anos acedem à net 5 a 7 dias por semana. 77% vê TV com a mesma regularidade.

169 milhões de internautas. Oito em cada dez acede à net através de banda larga para aceder aos serviços de vídeo e TV.

Fonte: Jornal Correio da Manha 31/01/2009 (texto adaptado por João José Saraiva da Fonseca)


Adeus televisão, olá Internet

Estudo da Microsoft revela que em 2010 o ecrã tradicional será ultrapassado pelo ecrã dos computadores


Um estudo conduzido pela Microsoft conclui que já no próximo ano, em Junho de 2010, o uso da Internet vai ultrapassar o da televisão mais tradicional. Para desenvolver o estudo, a empresa analisou o comportamento dos internautas europeus.

Para explicar o resultado, a Microsoft usa a expansão da banda larga e a importância dos computadores (PC) para as camadas mais jovens como justificação. «Para jovens na faixa etária entre os 18 e os 24 anos, o PC é geralmente o único ecrã de televisão, enquanto para outros, pode ser um segundo ou um terceiro ecrã», lê-se no estudo

Segundo os dados da Microsoft «um em cada sete jovens» não vê quaisquer programas em directo na TV, enquanto 42 por cento dos jovens adultos admite ver televisão pela Internet no PC.

PC será também substituído

No entanto, a Microsoft assume que dentro de cinco anos, os próprios computadores vão deixar de ser os eleitos para navegar na Internet. Actualmente, o PC representa 95% da porta de entrada dos utilizadores, mas irá ser substituído por outras formas como, por exemplo, a própria televisão, as consolas de jogos e ainda os telemóveis.

Mesmo que os computadores não caiam em desuso, vão representar apenas 50% dos acessos à rede. A Microsoft conclui ainda que «os consumidores poderão ler livros, jornais e revistas em dispositivos electrónicos com acesso Wi-Fi e a Internet 3D tornar-se-á uma realidade».

Fonte: TVI - 9 de abril de 2009


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Outro estudo da Microsoft revela que "conclui que já no próximo ano, 2010, o uso da internet na Europa vai ultrapassar o da televisão tradicional. “A televisão está, de facto, a perder cota para a internet, mas não será assim tão rápido". Para o Jornal Correio da Manhã que publicou em 24 de maio de 2009 a notícia com o tema: "Novas formas de ver TV - Net ganha conteúdos originais", em 2020 a televisão pode tornar-se um meio museológico e a internet um grande arquivo de conteúdos, defendem críticos. Para já, são plataformas utilizadas em simultâneo, apesar do expressivo aumento do uso da internet.
Há ainda uma certa vitalidade na televisão de fluxo” diz o crítico de TV Rui Cádima. Opinião partilhada por Fernando Sobral: “No fundo, grande parte do público continua a ver TV, mas cada vez mais há contundência entre as diversas formas de acesso. O cabo permite ter internet na televisão. Logo, a tendência vai ser o cruzamento de tudo isso”.

“A internet está cada vez mais a tornar-se no grande arquivo de conteúdos. O que talvez aconteça é que a televisão, quando se comemorar o seu 100.º aniversário, seja um meio de museu, museológico” acrescenta Rui Cádima. Críticos e produtores defendem, no entanto, que o futuro dos canais generalistas está na transmissão de eventos como futebol e talk shows, porque a internet, sobretudo no segmento 18-24 anos, ganha terreno em conteúdos de ficção, como séries, e na comédia”. “Basta olhar para os canais nacionais e ver que cada vez há menos ficção e mais programas de entretenimento”, diz o produtor Nuno Bernardo.

“Também acontece que muitas peças que são feitas para televisão acabam por ter grande exposição na internet. Isso ocorreu nos EUA com a série ‘True Blood’ que teve fraca audiência na TV mas foi um sucesso na internet”, justifica Frederico Almeida, da Associação de Produtores Independentes.

ÊXITO ON-LINE: PÚBLICO CANSADO DE HORÁRIOS DA TV

‘Vai Tudo Abaixo’ uma série de culto na televisão SIC Radical de Portugal. Mas, a partir de Junho, os Homens da Luta, criados por Jel, vão passar a ser um produto exclusivo da internet, que diz ser mais rentável. “Temos tido mais audiências na net do que na televisão, através do My-Space e do YouTube, onde as visualizações do ‘Vai Tudo Abaixo’ chegam aos cinco milhões.

Na SIC Radical, se tínhamos 80 mil telespectadores era muito”, revela o humorista, que se prepara para oferecer aos fãs um sketch por dia “curto e grosso”. “O pessoal já não tem paciência para seguir os horários da TV, nem para ver muitas coisas seguidas”, conclui.

Postado em 14 de janeiro de 2009 e respostado em 31 de janeiro de 2009 por João José Saraiva da Fonseca e 9 de abril e 26 de maio de 2009

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